quinta-feira, 5 de março de 2015

A Artista Plástica e poeta amadora

Iniciei minhas primeiras experimentações em pintura em 2003 na cidade de Pelotas/ RS Brasil. O que mais me impressionou desde o início foram as cores e suas infinitas possibilidades. Encantava-me poder criar formas, materializando-as através de tintas e pincéis. Nos primeiros anos interessei-me por formas figurativas trazendo para tela imagens fotografadas e/ou inspiradas por outros artistas. Pintava natureza morta, flores, caminhos rurais, casarios, portadas e imagens dos pampas e mares que me circundavam. Dentro de um processo de busca e aprendizado, busquei minha identidade plástica até internalizar as pinturas como minhas.

Neste período de intenso fazer, surgiram muitas poesias. Passei, então a direcionar minhas leituras para Fernando Pessoa, Mario Quintana, Pablo Neruda, Eduardo Galeano, Antonio Machado, Elisa Lucinda, Martha Medeiros. As poesias brotavam como se estivessem libertas de um longo período de privações. As manifestações artísticas estavam desabrochando em mim. O que sei é que me vi produzindo em espaços e lugares antes apenas visitados com respeito e admiração.

Na pintura, fiz cursos ao longo destes 16 anos, com as professoras Iarassu e Olga Halfen (em Pelotas/RS) e com Catarina Magalhães e Meg Tomio Roussenq (em Florianópolis/SC), onde experimentei diferentes tipos de matéricos, texturas, composições  com movimentos, linhas, matizes e nuances. Mas meu interesse principal sempre esteve voltado para a paleta de cores. Não importava se a óleo ou acrílico, abstrato ou concreto minha escolha pelo tema acontecia (e ainda acontece) pelas cores que imagino compor o quadro. Continuo buscando inspiração nos espaços, lugares e tempos de fotografias/imagens que me auxiliam na elaboração de telas, expressivas de sentimentos em movimentações para dentro e fora de mim.


Depois de morar por um período em Florianópolis/SC,  continuo novamente em Pelotas/RS os estudos de pintura em tela. Agora me expressando de outras formas, vou buscar nos arquivos da memória, imagens, fotos e instantes vividos e/ou experimentados para, através de pincéis, telas e paletas, criar diferentes formas e transparências que se originam das veladuras/acrílicas. Nos meus últimos trabalhos, tenho lançado mão de tintas aguadas como forma expressiva. Adoro brincar com camadas que se sobrepõem sem perder as transparências que fazem a pintura respirar, espiar e projetar-se, atravessando o material e o espaço onde é produzida. Participei de exposições coletivas e individuais de pintura no RS, SC (Brasil) e em Ourém (Portugal).  

Assim, através das artes, descubro novas facetas da Tania M. E. Porto



A mulher no espelho (2005)

Instante presente
instante mutante
instante efêmero.
A mulher
refletida no espelho.

Imagem parcial?
Imagem total?
A mulher
fotografada
mirada no reflexo de um tempo.

Tanto a mulher
se vê no espelho
como o espelho
preenche o seu vazio
nos papéis da criação.

Um retrato de mulher.
Uma imagem
uma viagem
(in)visível
(in)perceptível
nas luzes e sombras da ilusão.

Uma imagem de mulher
professora, mãe
artista
amante.
Uma mirada
nas luzes e sombras da ação.

Um reflexo de mulher
num tempo presente
construído
vivido
e chorado
nas luzes  e sombras da emoção.

Mulher e  espelho.
Espaços
vestígios
contornos que se completam
nos processos de transfiguração.

Ciclos da vida  
Tania Porto (janeiro 2018)
Em cada mudança deixo algo
e saio mais leve.
Em cada mudança sofro
e morro um pouco.
Em cada mudança ganho algo
e fico mais experiente.
Ciclos que se vão.
Ciclos da vida que se (trans)formam.

Mutações
Mesma mulher?
Mesmo homem?
Quem sabe o que sou?

Quem sou?